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Abradisti Diretora executiva da Abradisti

Com a incerteza sobre o futuro do Brexit, os consumidores podem gastar mais agora para evitar a alta da moeda

A confiança dos consumidores no Reino Unido, em relação ao futuro da economia, continua a diminuir diante das incertezas criadas pelo Brexit, mesmo com o período de compras mais importante do ano se aproximando, de acordo com a última pesquisa Retail Pulse UK Survey, realizada pela CONTEXT. Analisando uma série de fatores, o público Inglês está evitando gastar. Além disso, o comércio na Inglaterra está pronto para aumentar os preços no início do próximo ano, já que a Libra continua a perder valor em comparação às outras moedas. Isso significa que os consumidores têm duas opções: comprar já, mesmo sem saber o que poderá acontecer com suas finanças, ou esperar e, muito provavelmente, pagar mais caro pelos produtos depois.

24/11/2016 11:28

A confiança dos consumidores no Reino Unido, em relação ao futuro da economia, continua a diminuir diante das incertezas criadas pelo Brexit, mesmo com o período de compras mais importante do ano se aproximando, de acordo com a última pesquisa Retail Pulse UK Survey, realizada pela CONTEXT. Analisando uma série de fatores, o público Inglês está evitando gastar. Além disso, o comércio na Inglaterra está pronto para aumentar os preços no início do próximo ano, já que a Libra continua a perder valor em comparação às outras moedas. Isso significa que os consumidores têm duas opções: comprar já, mesmo sem saber o que poderá acontecer com suas finanças, ou esperar e, muito provavelmente, pagar mais caro pelos produtos depois.

 

A pesquisa CONTEXT Retail Pulse Survey é publicada trimestralmente e busca entender as intenções do consumidor, baseado nas mudanças econômicas e suas finanças pessoais. Nesse contexto, o relatório do 2° trimestre deste ano mostrou que as pessoas a partir de 65 anos seguem bastante otimistas com o Brexit — de fato, muitos desses entrevistados responderam positivamente à saída do país da União Europeia, no momento da decisão. Por outro lado, apenas cinco meses depois, a verdade é que a confiança desse grupo, diante do futuro da economia, demonstra sinais de queda significativas. Em julho, 42% dos Ingleses com 65 anos ou mais esperavam uma performance positiva da economia com a saída do bloco europeu; agora, o levantamento mostra dados na direção oposta, revelando que 44% do público dessa faixa etária acredita que a economia ficará pior daqui para frente.

A ansiedade acerca da economia também tem atingido as decisões de compras do dia a dia em todas as faixas de idade. No Reino Unido, os consumidores estão duas vezes menos inclinados a investir em produtos eletrônicos— incluindo smartphones, TVs e notebooks— comparado com o resultado de julho passado. Isso acontece porque a preocupação com a situação das finanças pessoais vem aumentando, com um terço do total dos entrevistados afirmando que cortarão gastos com esses tipos de produtos apenas em razão da incerteza provocada pelo Brexit.

A pesquisa da CONTEXT Retail Pulse Survey revela, ainda, o momento conturbado que se sente na Inglaterra. Após a Comissão Europeia ter cortado a projeção de crescimento para o Reino Unido em 2017, muitos estão contando com um aumento da inflação. Com uma moeda enfraquecida e a incerteza sobre o futuro dos empregos no país, não é surpresa que os consumidores estejam pensando em cortar os gastos com produtos de tecnologia.

No geral, a pesquisa sugere um potencial impacto negativo nas vendas do varejo nesse final de ano e com o Black Friday já chegando aí. Existe, contudo, uma luz no meio desse cenário: com as lojas tentando tirar vantagem do evento tradicionalmente norte-americano e as vésperas do Natal, o comércio deve olhar para os profissionais de idade entre 25 e 34 anos. Segundo a pesquisa da CONTEXT, 22% das pessoas desse grupo acreditam que suas finanças pessoais devem melhorar — o resultado mais positivo de todas as faixas etárias — e 19% das pessoas ouvidas disseram que irão gastar mais com eletrônicos no próximo trimestre.

Existem também outros indicadores no CONTEXT Survey que sugerem que os consumidores podem querer gastar, apesar da desconfiança com o futuro. A poupança familiar está agora em 5.1%, na menor taxa desde antes da crise econômica global. Empréstimos descobertos também têm aumentado em 10.3%, ao ano. Isso pode indicar uma atitude despreocupada para gastar entre a população mais jovem. Outra possibilidade é que com o iminente aumento de preços, alguns consumidores com experiência suficiente para observar essa tendência também podem decidir por gastar mais nesse momento e, então, fazer desse final de ano um sucesso para indústria.

Aqui no Brasil, nós nos deparamos com uma situação similar. O Brexit não nos afeta tão diretamente quanto na Inglaterra, é verdade, mas com mercado financeiro global tão conectado é de esperar que esse comportamento se reflita por aqui. Apesar da troca de governo no Brasil, ultimamente nossa economia apresentou poucas novidades animadoras e já se observa uma depreciação do Real ante o Dólar acarretado principalmente pelo muito provável aumento da taxa de juros nos EUA e as declarações com relação a economia na maior potência mundial após a decisão das eleições por lá.

Com isso, já podemos observar a fuga de capital daqui – mesmo que especulativo -, alterando o câmbio, e isso sim afeta diretamente nossa indústria e comércio local. Além disso, aqui mais do que lá, o planejamento financeiro é algo menos maduro na população em geral e os presentes de final de ano não podem faltar. Portanto, apesar de tudo. a indústria deverá poder contar com o final de ano em seus balanços financeiros normalmente.

Por Adam Simon, Diretor Global de Gerenciamento de Varejo da Context World, e Lucas Porto, Country Manager da Context no Brasil

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