Nos anos 1970, um videogame que movia duas linhas e um ponto pulando (em uma tela preta) criou uma nova indústria e mudou a cara do entretenimento global para sempre. Até então, apenas os jogadores japoneses de um jogo tradicional, o “Go”, haviam ouvido falar a palavra Atari. Dez anos depois disso, o Atari estava presente em quase todos os lares Norte-americanos, iniciando a primeira Era de Ouro dos Games.

E então…

Durante essa tempo, desenvolvedores eram recrutados quase que exclusivamente por centros ultra renomados (Ivy League) ou por universidades técnicas para trabalhar em plataformas em que se esperava um trabalho extremamente complexo. Apesar de toda essa limitação, a Atari produziu alguns dos maiores jogos de todos os tempos – alguns jogados até hoje em dia, mesmo que com algumas atualizações gráficas.

Por causa da limitação técnica do console, o fato é que os desenvolvedores da época tiveram que contar com certa ingenuidade por parte dos jogadores. Afinal de contas, eles estavam literalmente inventando um novo gênero de entretenimento – e não se havia tempo para perder pensando na aparência dos jogos, uma vez que não se sabia sequer como ele deveria ser jogado.

Daí agora

No primeiro ano em que a RV (Realidade Virtual) estava realmente pronta para o consumidor, houve algumas críticas sobre os primeiros títulos de jogos lançados. Experts do Mercado notaram, por exemplo, que muitos eram apenas jogos experimentais de baixo custo e não lançamentos verdadeiramente AAA, com todas as funções de RV.

Exemplo disso, no caso, são jogos como o Chronos, da Oculus Studios, que oferece mais de 30 horas de entrenimento “virtual real” ao jogador.

Para quem escolheu o Oculus’ CV1 ao invés do HTC Vive, houve uma espera até o final do ano para poder por as mãos nos controles sensitivos. E eis que, enfim, surgiu um dos primeiros títulos, o Ripcoil, com uma experiência online onde dois jogadores duelam em uma arena jogando um disco. Isso soa familiar, não é?

Dos últimos jogos lançados pela Oculus, esse foi o que me roubou mais tempo livre. Os mecanismos do jogo são interessantemente simples, fáceis de se entender e exige certo esforço físico. Em 30 minutos de jogo eu já suava bastante e, é claro, me divertia muito!

Tem quem reclame de jogos como Ripcoil, por eles não serem feitos para se jogar sozinho ou por não trazerem um enredo envolvido. Mas, particularmente, eu acho que aí se perde um pouco o sentido da coisa: a ideia é que tenhamos jogos simples, mas viciantes nesse início para o consumidor de RV. Uma vez que o fator “WOW” de se estar em um ambiente virtual em HD se tornar mais comum, então jogar o jogo se tornará a peça chave.

 Amanhã?

A RV força os desenvolvedores a pensar em como o jogo deve ser jogado, diferente do que se vinha fazendo quando se preocpava com o que deve estar dentro daquele mundo todo recém-criado, com vozes famosas e ambiente super espacial. Assim como apresentamos na Pesquisa CONTEXT de RV, as pessoas – particularmente os gamers – estão empolgadas com os jogos de RV (mas muitos consumidores podem rapidamente ser seduzidos por algum outro FPS super caro).

A popularidade de games como Angry Birds é prova dos requisitos para adoção em massa e não há razão para acreditar que embriões de jogos experimentais não possam se desenvolver e tornarem-se títulos AAA. Tomara que, em poucas décadas, nós olhemos para 2016-2017 como a era de ouro da Realidade Virtual nos jogos. E para muita gente, essa é a parte mais legal de se fazer parte dos seus primeiros passos.

Por Jonathan Wagstaff, CONTEXT Game Specialist