Na CES 2017, em Janeiro, Jen-Hsun Huang, CEO da Nvidia, anunciou que “a indústria das GPU de alto desempenho sempre estiveram em uma profunda busca para conduzir a capacidade dos computadores para perceber o mundo. Isso até que, um dia, os pesquisadores da área de Inteligência Artificial (AI) encontraram a GPU (Graphic Processing Unit) e o Big Bang da AI ocorreu”

De fato, até pouco tempo, a maior parte dos analistas de TIC pensavam em games quando se falava da Nvidia e isso tem uma boa razão. O principal mercado da Nvidia é mesmo o de PCs para jogos, onde eles continuam a dominar o mercado de hardware GFX. Jen-Hsun quis explicar que “as GPU tinham o benefício de serem impulsionadas pelo maior Mercado de entretenimento do mundo, os videogames”.

Realmente, o PC para jogos é um dos equipamentos que mais requerem capacidade de processamento – e essa indústria vem se fortalecendo ano após ano, ultimamente. Jen-Hsun estava correto ao anunciar o sucesso do PC para jogos: os dados da CONTEXT mostram que as vendas de computadores de alta performance preparados para realidade virtual cresceram 1057% ao ano, considerando-se valores de revenda na Europa, em T4 2016, gerando mais receita que produtos de música e vídeo no Reino Unido, num total de £2.96 bilhões. No Brasil, vimos um aumento significativo de 48,7% nas vendas de placas de vídeo, comparando janeiro-2016 com janeiro-2017, e 68,1% de aumento nas vendas de PCs para jogos, no mesmo período.

Enquanto isso a importância da Inteligência Artificial e dos carros autônomos estava sendo observada pelos estrategistas do governo Britânico, culminando no anúncio de um orçamento de £270 mi de fundos voltados para novíssimas tecnologias, como os carros autônomos, AI e robótica. As projeções da CONTEXT para GPUs profissionais demonstram que a decisão orçamentária parece acertada assim como as previsões de Jen-Hsun.

O gráfico acima mostra a evolução das vendas de GPUs profissionais no Reino Unido revertendo o declínio em Q3 2016, com a Nvidia Quadro Series de placas de vídeo crescendo +25% a/a. Mais e mais as GPUs estão sendo usadas para aplicações de Inteligência Artificial, educação e datacenters, diferente das aplicações tradicionais de design 3D.

No Brasil, também observamos o mesmo direcionamento, com as vendas de produtos ligados a Datacenters crescendo e apresentando números positivos de vendas de HDDs, GPUs e Componentes em relação ao ano anterior.

Não é difícil vermos produtos sendo desenvolvidos para um tipo de aplicação e depois sendo adotados com sucesso para outros fins. Uma curiosidade nesse sentido foi o console da Atari Jaguar criado para jogos que acabou sendo usado como equipamento dental.

Devemos ficar de olho no que poderá ser feito com as GPUs e o que o mercado de games nos trará de novidades e oportunidades além dos jogos propriamente ditos, pois com os números levantados pela CONTEXT, parece estar aí uma boa opção de lucros nesse momento econômico do Brasil.

Por Lucas Porto e Jonathan Wagstaff